domingo, 5 de novembro de 2017

Cactos



Cactos


Passamos por decepções e frustrações e, por isso, encontramos dificuldades nos relacionamentos.
Nem tudo é como gostaríamos que fosse. 
Dessa maneira, adquirimos um certo hábito de nos fecharmos ou até de afastarmos pessoas e situações que nos afrontam ou que nos machucam.
As adversidades passam; os comportamentos, nem sempre.
Neste sentido, torna-se possível reconhecer “pessoas cactos” que tendem a reagir ou agir como tal planta, afastando-se de relacionamentos, ainda que isso não desejem.
Para não nos machucarmos usamos alguns mecanismos de defesa. Aprendemos a desenvolver também a capacidade de uma resiliência única, capaz de acumular experiência suficiente para ajudar os outros.
A analogia com os cactos é oportuna. Essa planta é revestida por espinhos, cuja presença não se dá somente para afastar as mãos curiosas. A presença deles tem explicação na evolução da planta.
Os espinhos nos cactos são folhas modificadas que se desenvolveram para ajudar a planta a sobreviver no meio ambiente, já que a auxiliam a reter água. Para evitar a perda de água por transpiração, têm as suas folhas tão pequenas que são reduzidas a espinhos!
Surpreendente é ver, que depois de um tempo, em meio a tantos espinhos, uma flor brota.
Assim são as pessoas. Mesmo cheias de espinhos são capazes de produzir além da proteção, uma linda doação às outras que estão em sua volta. Muitas vezes recebem o rótulo de pessoas inacessíveis e brutas; mas, em sua essência, são generosas, mesmo em situações desérticas.
Podemos optar sempre em nossos comportamentos. Complicado é permanecer imutável.
Podemos ser cactos por vezes, mas sabendo que iremos florescer com vitalidade e persistência para assim surpreender sempre.

Claudiane Quaglia
Psicóloga, Pedagoga e Psicopedagoga

CRP 06/134348 – 05/11/2017

domingo, 8 de outubro de 2017

Forma ou Peça?



Forma ou Peça?


Nos relacionamentos com as pessoas, tendemos a acreditar que iremos contribuir com o outro de alguma maneira e esperamos que a contribuição seja recíproca, com a mesma intensidade e dedicação.
Eis o grande equívoco das relações.
Prever e almejar que o outro se comporte como desejamos é um fardo muito difícil de se carregar, pois criamos expectativas. Queremos prever e controlar o outro conforme as nossas interpretações.
A proposta de contribuir e agregar nos auxilia muito. Ter consciência disso, e das limitações decorrentes, tornamo-nos pessoas melhores a cada dia e isso é fundamental.
A premissa maior é o nosso benefício e o nosso desenvolvimento.
Com esta visão, sempre nos surpreendemos percebendo que as relações agregadas tendem a ampliar nossas perspectivas.
Devido às carências humanas que nos acompanham, “optamos” por vezes em acreditar que nas relações teremos o papel de completar o outro ou de sermos completados.
Reconhecemos uma falta, e buscamos suprir a falta na relação com o outro.
Fazendo uma analogia com formas geométricas e peças de quebra cabeça, as relações podem ser elucidadas de várias maneiras.
Em um quebra cabeça, algumas peças evidenciam a existência de um espaço, onde outra peça a completará, para assim constituir uma imagem. Entretanto, quando as peças são separadas, elas não possuem um sentido ou um significado. Realmente estão incompletas.
Já nas formas geométricas, cada forma sozinha por si é completa, possui um sentido e uma importância singular. Se, por ventura, duas formas se unem em conjunto conseguem evidenciar uma nova estrutura, mas não deixam de ser o que eram em sua essência isolada.
Nos relacionamentos, algo muito similar acontece; quando nos percebemos como formas geométricas, agregamos ao outro e o outro nos agrega. Ninguém depende de ninguém. O outro não se torna uma condição para a sua constituição.
Agregar, somar, compartilhar são verbos que enriquecem e fortalecem os relacionamento; já verbos como depender, condicionar e completar tendem a tornar as relações pesadas, pois ambos os lados se percebem prejudicados.
Ser peças ou formas, pode ser um dilema, mas não é um regra ou uma receita para relacionamentos bem-sucedidos. Perceber se estamos nos comportando como formas ou peças nas relações favorece o ato de optar.
Ter a ciência disso é o que faz a diferença.


Claudiane Quaglia
Psicóloga, Pedagoga e Psicopedagoga

CRP 06/134348 – 09/10/2017

domingo, 3 de setembro de 2017

Sabotagem




Sabotagem


Muitas vezes indagações ganham força em nossos pensamentos, tais como:  O que nos move? O que nos motiva? O que nos impulsiona?
Estas questões trazem de maneira implícita um estímulo, um movimento, uma empolgação.
Porém, deixamos de pensar sobre o que nos paralisa, o que faz com que muitas vezes deixemos de buscar os sonhos e de alcançar uma meta.
Surpreendente fica quando percebemos que nós mesmos nos paralisamos, pois delegar ou culpar outras pessoas pela nossa inércia ou desmotivação é comum. Assumir nossas fraquezas, reconhecer que somos passíveis de erros e que não somos aquilo que queremos, causa um impacto.
Somos sabotadores.
Sabotamos a nós mesmos. Impedimos a nossa própria evolução e nem sempre reconhecemos isso.
O termo sabotagem vem do francês sabot que significa tamanco ou sapato feito de madeira. A palavra ganhou o significado de impedir ou dificultar o transcurso normal do trabalho, porque as operárias da Europa central costumavam colocar seus tamancos entre as engrenagens das máquinas para danificá-las.
Talvez usamos os nossos próprios tamancos para nos prejudicar, dificultando assim a nossa trajetória.
Sentimentos como medo, insegurança, exaustão, entre outros, fazem com que procrastinemos algumas ações e, assim, nossos sonhos ficam mais distantes e tendem a se perder em meio a tantas coisas que colocamos na frente. Consequentemente, esquecemos de nós mesmos e dos nossos anseios.
Resultado: ficamos perdidos.
Quando deixamos de cultivar aquilo que plantamos com nossas próprias mãos, as coisas se definham ou e se perdem no tempo, pois o desejo e a dedicação só por nós podem ser praticados.
Como escreveu Clarice Lispector:  "O que nos impede na maioria das vezes de ter o que queremos, de ser o que sonhamos, de fazer o que pensamos e aceitar com o coração, é a ousadia que não cultivamos".
Sempre é tempo. Tempo de semear, de plantar e colher, desfrutar e principalmente de perceber que sempre existem novos campos para reiniciar, ousar e acreditar.



Claudiane Quaglia
Psicóloga, Pedagoga e Psicopedagoga


CRP 06/134348 – 03/09/2017

terça-feira, 1 de agosto de 2017

“Carpe Diem”



“Carpe Diem”


Aproveite o dia.
"Carpe diem" quer dizer "colha a vida". Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente. Foi assim que descreveu Rubem Alves em um de seus escritos.
A expressão “carpe diem”, de origem latina, remete-se à busca do viver o hoje, descobrindo um novo mundo a cada amanhecer, tendo visões diferentes daquilo que consideramos comum, assim como evidencia a brevidade da vida.
Como saber tirar o melhor proveito dos momentos, das situações, das relações e da vida como um todo?
O que consideramos ou não proveitoso é muito singular.
Passamos por modificações constantes. Em meio a estas mudanças, nossas opiniões, pensamentos e vontades mudam também.
Neste sentido, saber como aproveitar bem o dia torna-se relativo. Tem épocas da vida que desejamos ter tempo para descansar e até mesmo aguardamos o momento para nos aposentar ou almejamos terminar os estudos. Enfim, atribuições que, de certa forma, colocamos a nossa frente, vislumbrando o momento para “carpe diem”, esquecendo do presente.
Saber aproveitar ao máximo o agora, apreciar o presente é uma luta que travamos sempre. Viver usufruindo os momentos intensamente sem pensar muito no que o futuro reserva é um grande desafio.
Uma das alternativas para que possamos aproveitar o dia em plenitude pode estar nas relações que estabelecemos, nas convivências. Quando conhecemos ou reconhecemos as pessoas, elas trazem consigo uma nova oportunidade.
Aproveitar o dia está no ato de aproveitar a si mesmo e ao demais.
Objetos, bens materiais, diplomas, promoções possuem sua importância, porém não estão diretamente relacionados com o propósito mencionado.
Sentimentos e relações sim, pois somente quando nos relacionamos de maneira genuína é que aproveitamos os dias, os momentos e a vida em sua verdadeira razão de ser.

Claudiane Quaglia
Psicóloga, Pedagoga e Psicopedagoga

CRP 06/134348 – 01/08/2017

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Âncora



Âncora


Devido às incertezas, temos surpresas agradáveis ou desagradáveis; o fato é que temos sempre algo novo a nossa frente.
Buscamos nos esquivar destes momentos de imprevisibilidade, pois não conseguimos ter o controle das situações. Em momentos de “maré mansa”, como dizem, sentimos segurança e conforto na vida, ocasiões nas quais nos apegamos a objetos e pessoas.
Acreditamos - ou queremos acreditar - em uma certa inércia no tempo e no espaço.
Desejamos ancorar.
Com origem no grego ágkyra, uma âncora possui diversas interpretações em nosso meio, podendo ser analisada por óticas diferenciadas. É um objeto que em si traz uma dualidade interpretativa.
Queremos permanecer em situações que transmitem firmeza, força, tranquilidade e esperança. Dessa maneira, a âncora representa a parte estável do nosso ser, ou seja, aquela que, em meio às tempestades, é capaz de manter a estabilidade dos barcos.
A âncora também pode simbolizar o atraso e a barreira, para muitas pessoas, pois na medida em que se fixam em determinado lugar, ficam presas. Mario Sergio Cortella certa vez mencionou: "Na vida é preciso ter raiz, não âncora. A raiz te alimenta, a âncora te imobiliza". Um barco que deixa a sua ancora presa nunca sai do lugar.
Entretanto, a expressão "levantar ou lançar âncora" também pode ser usada de forma figurada para indicar o ato de se fixar em um determinado lugar ou de partir para outro local.
Com esta postura e visão de que podemos levantar ou lançar âncora em nossas vidas conseguimos usufruir com deleite de momentos tranquilos e agradáveis. Tendo sempre a ciência de que chegará um momento em que as situações começam a mudar.
Assim como um barco pode atravessar um oceano carregando uma âncora, uma âncora pode atracar um barco. A diferença da situações está em nossas atitudes. Podemos escolher sempre.

Claudiane Quaglia
Psicóloga, Pedagoga e Psicopedagoga

CRP 06/134348 – 26/07/2017

terça-feira, 18 de julho de 2017

Provisório



Provisório


Constantemente buscamos efetivar ações e momentos em nossas vidas. Porém, não percebemos que cada ato possui um caráter provisório.
A menção de que as situações de caráter provisório vêm acompanhada de algo que logo passa e que, em seguida, teremos uma situação definitiva esta incutida em nós.
O dilema já tirava os sono dos gregos antigos. Enquanto Parmênides defendia a ideia de que as coisas eram estáticas e insuscetíveis de mudanças, Heráclito acreditava num mundo em constante movimento e transformação. Tudo flui, tudo passa, dizia Heráclito, de tal forma que nunca tomamos banho na mesma água do rio.
O exemplo?
Podemos resgatar no período de nossa infância: os dentes de leite são provisórios, pois em seguida passamos para o patamar de uma dentição definitiva. Na adolescência, as mudanças corporais são provisórias para depois nos apropriamos de um corpo definitivo, que tende a mudar, a envelhecer. Isso ocorre em várias situações de nossa existência.
Esta dualidade entre as concepções de provisório e definitivo, daquilo que é ou não imutável, tende a se generalizar em outras dimensões da vida.
Somos e sempre seremos provisórios em nossas vidas.
Este estado provisório tende a nos incomodar, pois queremos que as coisas, que as relações ou que o tempo se tornem definitivos, permanentes e duradouros. Nem sempre é assim.
As visões de continuidade, controle e constância levam-nos para um estado de sofrimento, pois almejamos que as situações que consideramos boas se prolonguem.
A condição de sermos provisórios, nos constitui e nos desenvolve.
Podemos optar por uma profissão hoje e mudar depois de um tempo; podemos ter relações afetivas que nos agregam, mas sempre teremos uma nova pessoa para conhecer.
Sempre seremos superiores ao passado. Por mais que existam alguns momentos que nos desagradam, sempre estamos diferentes.
A vida não tem relógio de ponto. Não se apresenta de hora marcada. Não tem garantias. É uma verdadeira aventura a ser levada a sério, pois tudo só é enquanto não se esvai.
A diferença está em ser e não em ter. Com razão Clarice Lispector ao escrever: “A vida é curta (provisória), mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade”.

Claudiane Quaglia
Psicóloga, Pedagoga e Psicopedagoga

CRP 06/134348 – 18/07/2017

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Coruscante ou Ofuscado




Coruscante ou Ofuscado


Durante a vida buscamos ter êxitos e realizações.
De certa forma, sempre almejamos ter um lugar ao sol, uma posição de evidência, um destaque.
Visamos reconhecimentos.
Mas até que ponto a influência dos outros em relação aos nossos comportamentos tornam-se relevantes?
Com o objetivo de agradar e de ser aceito pelos outros, deixamos de lado aquilo que acreditamos, queremos e sonhamos. Nossas opiniões não são percebidas como prioridade e, assim, ficamos ofuscados perante as relações e no contexto da vida.
Quando estamos na posição de ofuscados, ficamos na sobra de outras pessoas, pois aquilo que amedronta ou que desagrada o outro também nos atinge.
Com o receio da mudança e das críticas, os posicionamentos, as decisões e as vontades próprias ficam ofuscada; o brilho de cada um é consumido.
Viver em consonância com o comportamento e humor dos outros enfraquece o próprio reconhecimento de si. Aos poucos decisões se tornam cada vez mais difíceis e complexas, pois ficamos à mercê de terceiros.
O contraponto é que também somos coruscantes (brilhantes).
Somos dotados de um intenso e único brilho. Todos possuem potencialidades e singularidades. Devido a isso, opiniões, ideais, vontades e desejos afloram constantemente.
Nem sempre estamos preparados para brilhar. Porém, não é devido a isso que devemos nos conformar com o ofuscamento.
Mudamos sempre de diversas formas, tanto física quanto mentalmente, assim como nos comportamentos, no humor, nos relacionamentos e na vida como um todo. Saber que podemos ter a maleabilidade entre o ofuscar e o coruscar é o que nos torna únicos. Cada coisa tem seu momento oportuno.

Claudiane Quaglia
Psicóloga, Pedagoga e Psicopedagoga

CRP 06/134348 – 10/07/2017

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Lagostas



Lagostas



A vida nos ensina coisas grandes através de coisas pequenas.
Vivemos em um constante processo de aprendizagens e adaptações. A exposição frente a situações novas, sejam elas benéficas ou não, ocorrem diariamente. O fato é que as mudanças ocorrem e as previsões que davam um sentimento de segurança estão ficando cada vez mais escassas.
Se isso é bom ou ruim depende muito da maneira como percebemos e atuamos perante as adversidades.
Várias situações na vida demonstram este fato, desde as profissões que anteriormente vigoravam até cursos de especialização como a datilografia. Somos uma geração que vislumbrou o nascimento e a morte do CD, por exemplo.
Cobranças que se remetem às inovações, ideias empreendedoras, novas possibilidades já fazem parte de nós. Encontramos soluções pelo processo de inovação, criatividade e questionamentos que atendem as necessidades.
“Quando uma porta de fecha, logo se abre uma janela”. Tal ditado popular, que antes era adequado, hoje pode ser revisto. Atualmente se uma porta se fechar, desbravamos abrir qualquer orifício em que podemos nos deparar com uma nova oportunidade.
            Ao resgatar a frase inicial do texto, aprendemos um grande feito tendo o exemplo da lagosta, um pequeno ser que perante adversidades de sua estrutura supera-se e desenvolve-se constantemente.
            O Dr. Abraham Twerski abordou em uma de suas palestras o tema sobre a Lagosta. Em resumo, relatou que este é um animal que vive dentro de uma carapaça rígida. Esta carapaça não se expande, logo surge a dúvida de como ela pode crescer.
 A carapaça é uma limitação. No entanto, a lagosta se percebe pressionada e afetada por esta situação. Assim, ela se esconde debaixo de pedras para se proteger e escapar de predadores. Durante este período, sua carapaça quebra e depois de um tempo se forma novamente.
Este processo ocorre por todo tempo de vida das lagostas. O estímulo das lagostas crescerem está no incômodo, não na limitação.
Somos muito mais do que imaginamos ser!

 
Claudiane Quaglia
Psicóloga, Pedagoga e Psicopedagoga
CRP 06/134348 – 03/07/2017


segunda-feira, 26 de junho de 2017

Quarenta



Quarenta


Muitas pessoas vivem baseadas em momentos estanques durante a vida. Alguns esperam a chegada de datas simbólicas como os 15 ou 40 anos.
Idades e números fazem parte da vida social e assim ganham rótulos que costumam ter ou não uma ênfase conforme o valor que lhe damos.
Por exemplo, a idade dos quarenta anos pode ser uma linha divisória da vida de muitas pessoas, pois traz consigo a ideia de maturidade. Momento em que se pode olhar para os feitos da vida e almejar novos caminhos também. É momento oportuno para se analisar as conquista e traçar novas metas para o futuro.
A ideia dos quarenta anos tende, por vezes, a recair no aspecto de gênero tanto masculino como feminino. Atribui-se comportamentos e sentimentos para esta fase da vida, que se torna decisiva.
O número quarenta também faz parte da história e dos preceito bíblicos. Noé, por exemplo, vagou por quarenta dias e quarenta noites até encontrar a terra firme. Moisés, por sua vez, demorou quarenta anos para atravessar o deserto com os israelitas, fugindo da escravidão no Egito.
Se este número tem uma relação entre a maturidade, as religiões ou outros tantos aspectos, isso é irrelevante.
Este é o quadragésimo texto escrito e publicado nesse blog. Quarenta vezes que ideias e ideais foram expostos por meio de palavras, evidenciando que atitudes que muitas vezes parecem ser simples, tornam-se importantes a partir do momento em que cada palavra faz a diferença na vida do outro.
Marx defendia que os filósofos não devem apenas interpretar o mundo, mas muda-lo. Cada atitude e cada texto pode fazer a diferença, quando por meio deles conseguimos refletir, identificar, criticar e também ter a liberdade de não gostar. Assim, vamos nos conhecendo mais e evidenciando mudanças, tanto pessoais como sociais.
Que venham mais múltiplos de quarenta pela frente.

Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga
CRP 06/134348 – 26/06/2017


terça-feira, 20 de junho de 2017

Melindres



Melindres


Pessoas “Cheias de Dedos”. Definição popular utilizada para definir o comportamento daqueles que se afetam com comentários e ações dos outros, que se magoam com facilidade.
Com o receio constate de não ofender as pessoas com as quais convivemos, cercamo-nos de melindres, ou seja, precisamos ter uma certa delicadeza no trato, com o intuito de não ofender ou magoar o outro.
Porém este recurso pode ser prejudicial.
Melindrar-se significa perder ótimas oportunidades de crescimento e aprendizado pois, aquele que se melindra, não consegue distinguir o certo do errado, o que é bom do que é ruim.
O isolamento e os julgamentos tornam-se aliados dos melindres.
Ao comportarmo-nos de maneira melindrosa, criaremos dificuldades para outros se aproximarem de nós.  Com isso, surge uma barreira, reduzindo o contato entre as pessoas.
Neste sentido, o equilíbrio é necessário para reconhecer se estamos ou não nessa categoria de pessoas melindrosas, que se ofendem com grande facilidade diante de adversidades muitas vezes insignificantes.
Comunicar-se com pessoas sem rebuscamentos, sem volteios, sem rodeios e sem metáforas, torna-se um ganho para ambos, pois assim deixa-se claro aquilo que se deseja expressar e a pessoa com a qual denominamos melindrosa tende a se deparar com situações que a fortalecerá, consequentemente.
Definir se uma pessoa é melindrosa ou não, torna-se sem sentido. Não precisamos estabelecer rótulos.
Estamos acostumados a encontrar justificativas para todas nossas ações, e assim, denominamos melindrosas pessoas que, cansadas de nosso mal humor, decidem se afastar. Somos passíveis de mudanças e de oscilações; ora somos melindrosos, ora não.
A diferença está em perceber se tais melindres estão nos levando para um caminho de sofrimento, falta de entendimento e julgamentos ou, se por vezes, chegamos a escutar mesmo sem querer que somos “cheios de dedos”, sinônimo este dos cuidados para estabelecer a comunicação.
Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga

CRP 06/134348 – 20/06/2017

terça-feira, 6 de junho de 2017

Árvores



Árvores
“A maior das árvores um dia foi semente...”


O poeta Yla Fernandes afirmou que há relação entre as pessoas e as árvores. Tem razão!
Espelhamo-nos nas árvores e deixamos ter a ciência disso. Tal qual as árvores, temos raízes fortes e profundas em nossas histórias, que evidenciam de onde viemos. As árvores aconchegam suas raízes na terra, e nós, em nossos entes queridos.
Somos parecidos com as árvores quando acolhemos os outros com abraços, olhares e gestos. Muitos animais/insetos encontram uma morada física nas árvores. De igual forma, muitas pessoas encontram em nós moradas também, buscando um acolhimento afetivo e emocional.
Árvores nos ensinam com maestria a sermos flexíveis. Os ventos e as fortes chuvas não as derrubam, assim como os momentos difíceis que vivemos não nos derrotam.
Sabemos que envergamos mas não caímos. Acreditamos em nós, sobretudo em nossa força.
As árvores não derrubam outras árvores para se fixarem. Via de regra, elas crescem e não prejudicam as demais. Elas nos ensinam que, para buscarmos aquilo que queremos, não precisamos em momento algum ser sombra que prejudica alguém.
Cada um tem o seu espaço e o seu tempo para crescer.
As árvores transformam oxigênio em gás carbônico e assim se regeneram constantemente. Em nossas atitudes somos parecidos, transformamo-nos sempre e de maneira gradativa. A persistência nos constitui.
Muitos artistas não compreendem como as árvores cujas cores são diversificadas se harmonizam. São discrepantes entre si (verde e marrom), mas no todo ganham uma beleza única. Quando se juntam, não se anulam. Ao contrário, formam uma vasta floresta que, quanto mais diversificada, mais vida alberga em seu meio.
As características pouco prováveis num mesmo ser transmitem uma unidade e uma beleza contagiante, ao mesmo tempo flexíveis e rígidas, vulnerais e imponentes, fortes e delicadas.
Produzimos frutos diariamente. Sempre aprendemos e ensinamos algo.
No senso comum, muita comparação há com as árvores. Alguns exemplos: “a fruta não cai longe da árvore”, “cuidado com o lado para o qual pende a sua árvore, pois é para lá que ela vai cair”, e outras tantas.
Não se pode levar tudo ao pé da letra, é bem verdade, mas é possível sempre se extrair algum ensinamento dos ditos populares. As árvores ganharam notoriedade neste texto por aquilo que nos ensinam e que, com a correria, perdemos a acurácia de observar.

 
Claudiane Quaglia
Psicóloga e Psicopedagoga

CRP 06/134348 – 06/06/2017