Gaiolas
Pensamentos abominam
gaiolas.
Para muitas pessoas,
alguns pensamentos tendem a ficar confinados em suas mentes como verdadeiras gaiolas,
acreditando que nelas os pensamentos permanecem seguros, longe de exposições,
críticas e esquivando-se dos riscos de expor aquilo em que realmente acreditam.
No entanto, estas
pessoas se sentem, por vezes, satisfeitas por agirem assim. Na verdade, se for
por opção própria, isto não é algo negativo.
O sentimento de proteção com a rotina, muitas vezes deixa os pensamentos
engaiolados. É trabalhoso escapar dos padrões de
comportamento e dos valores adquiridos. O ato de expor o que pensamos pode ser
desconfortável, como tudo o que é diferente.
Alejandro Jodorowsky
menciona que “Pássaros criados em
gaiolas, acreditam que voar é uma doença”. O que o autor afirma desperta
reflexões sobre o quanto podemos estar acometidos por receios, medos e
comodismos, que prendem-nos às nossas gaiolas, simplesmente pelo medo de inovar.
O contraponto das
gaiolas existe. Está na liberdade, no
ato de arriscar e colocar as ideias em evidência, batalhando por aquilo em que
se acredita, com argumentos convincentes. Atitude esta que demanda uma grande
dedicação e, sobretudo, coragem.
Quem expõe pensamentos
e ideias age como um viajante em longa jornada, pois este não sai sem antes
refletir, ponderar e considerar as condições para tanto.
Deve-se evitar o
sepultamento dos pensamentos. É necessário buscar a permanente vivacidade, que
se conquista a cada novo pensar, ou melhor dizendo a cada novo voar.
Respostas dadas em
nossas vidas, significam assuntos esquecidos. Ao contrário, as interrogações em
aberto simbolizam um apetite de procura e uma fome de respostas. É o puro movimento,
representada pela ave livre, sem gaiola.
Somos livres. Não somos
forçados a expor nossos pensamentos e tampouco a deixá-los engaiolados. A tolerância
faz com que compreendemos os diferentes estilos de vida e momentos de cada um.
O importante é não deixar que a porta desta gaiola se feche, pois assim sempre
poderemos optar em voar com os nossos pensamentos ou não.
Fernando
Pessoa, um autor que abominou as suas gaiolas ao seu modo, pelas mãos de seu
“mestre” Alberto Caeiro. O guardador de rebanhos, poeticamente também fala
sobre pensamentos:
Claudiane Quaglia
10/11/2016
Sou guardador de rebanhos
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
É comer um fruto é saber-lhe o sentido.
É comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva.
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva.
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade
Sei a verdade e sou feliz.
Sei a verdade e sou feliz.
Muito bom!
ResponderExcluirÓtima reflexão meus parabéns!!!
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