quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Caule: A dicotomia entre o oculto e o aparente


Caule:
A dicotomia entre o oculto e o aparente

Desde épocas mais primitivas de nossa história, as plantas têm suma importância em nossas vidas. Entre tantos outros atributos, elas trazem consigo, como um todo, ideias de liberdade e de autonomia.
Elas, as plantas, também nos ensinam algo, aspecto este que comumente esquecemos. Se analisarmos as flores especificamente dentre este universo multifacetado, podemos perceber que elas agregam um colorido em nossa paisagem, deixando assim o aspecto cinzento tímido, dando lugar para tantas cores e vivacidade.
As flores aparentam, ao mesmo tempo, força e fragilidade, pois superam-se e passam por diferentes adversidades para permanecerem vivas, irradiando sua beleza e agregando ao mundo sentidos peculiares de cada espécie.
Comumente, as flores são abordadas repetidas vezes em poesias, músicas e romances. Pouco se discorre, porém, sobre o caule.
Talvez por não serem tão vistosos, ficam opacos e até despercebidos perante a magnitude das flores. Entretanto, são os caules que sustentam toda a planta. Trata-se de uma haste das plantas vascularizadas, provida de ramos e/ou folhas, ligada à parte subterrânea ou raiz.
Existem caules diferentes, com características peculiares. Muitos são julgados pela sua aparência, podendo transparecer rigidez ou flexibilidade, mas independente destes aspectos, a função do caule é a de sustentação. Escondem-se para que a magnitude das flores seja apreciada.
Todos nós, em algum momento da vida, somos caules. Caules dos nossos amores, de amigos, de filhos, de pais e até mesmo caules em nossas profissões. Por quê não? Como mencionou Glauber Lima: "Uma planta com o caule flexível resiste mais a uma ventania, do que uma árvore de tronco rígido".
Não estamos em evidência sempre como as flores e nem precisamos disso. Ter a ciência de que podemos apoiar alguém e que podemos, como um caule, realizar uma ligação entre o que alguém almeja e a sua realização, isso nos traz uma grande satisfação.
A dicotomia entre o oculto e o aparente nos assola. Muitos almejam e acreditam que o fato de estar aparente e em evidência é o que traz satisfação. Se bem analisarmos o valor de estar oculto, podemos perceber o sucesso daqueles que amamos, sabendo que contribuímos com a felicidade deles.
Ao admirarmos uma flor, a atenção poderá se voltar para o caule e tudo ganha uma outra perspectiva. A beleza maior ao ver uma flor, pode não estar nela somente, mas na planta como um todo. O caule faz parte deste todo.

Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga
CRP 06/134348 - 02/02/2017


4 comentários:

  1. Excelente texto Claudete.
    Vou Compartilhar.
    Aproveito para divulgar o meu blog psicologiahojepormargarete.blogspot.com na ultima postagem falo da volta às aulas.
    Bjs

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  2. Claudiane,
    Bem sensível seu texto.
    De fato, a maior parte do tempo, nesta vida consumida pela pressa, nos detemos apenas no que é mais evidente e aí nos manifestamos: "que lindo", "que incrível" dentre outros comentários supérfluos.
    A vida não se dá numa fração de segundos. A beleza que nos encanta em um momento fugaz, se constituiu numa multiplicidades de instantes ocultos, secretamente....... Assim também é a nossa vida. Ela se constrói muito mais no silêncio, na reflexão, na obscuridade. Quem não se dispor a cultivar o secreto, deter-se na aventura de renovar-se distante do visível, da vitrine, deverá, inevitavelmente, se satisfazer com a exibição do mesmo, do estereótipo e da mesmice. Sem o caule que conduz, a nova flor não desabrocha. Bjks e gratidão por permitir a reflexão.

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  3. Agradeço muito seu comentário Professora Rosalice Lopes. Compartilhou seu conhecimento e me ensinou mais ainda. Obrigada

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