quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ideais de Mim II



Ideais de Mim II

Aprendemos a escrever desde a tenra infância, mas não aprendemos a decodificar o que sentimos em letras e em normas gramaticais. Transmitir sentimentos em palavras envolve relações. Temos sentimentos em relação a alguém ou a algo.
O ato de escrever é um comportamento e requer um interlocutor para que tenha um real sentido. Escrevemos com o intuito de que alguém leia. Comunicamo-nos assim.
Com este anseio, hoje retomo um pouco a nossa caminhada. Faço, então, uma pequena retrospectiva do que dialogado até agora, mencionando textos já publicados.
Percebe-se que, pelo ato da escrita, saímos de nossas Gaiolas para alçar novos voos, buscando uma vitória.  Não uma Vitória de Pirro, na qual o processo se torna mais árduo que o resultado. Mas uma vitória que permeie nossas vidas em cada momento, resgatando os Três Tempos (passado, presente e futuro) que afronta-nos a cada instante, e que, por sua vez, aparenta estar separado somente por uma Linha Tênue. Para optar entre o que é benéfico ou não para nós, chegamos assim em alguns dilemas, mas também resgatamos a nossa vivacidade quando optamos.
Constata-se também que a aprendizagem é um processo permanente. Desde uma análise sobre a estrutura das Girafas até diante do exemplo de um conto em que O Peixe virou o protagonista, algo sempre se aprende. Nota-se que o ato de falar e calar e que as ansiedades e expectativas trazem consigo pontos positivos e negativos. O fundamental neste processo é não perder a essência que temos, como o texto Pó de Café nos mostrou.
Por vezes, recorremos a momentos do Pretérito Perfeito, mas nem sempre existe satisfação nesta busca. O passado não volta. O texto Amoras bem retratou isso. Temos que aproveitar o momento.
Quem sabe, sendo Nefelibatas, em alguns momentos da vida, passando por um processo de Transmutação, poderemos chegar a um estado de Hedonismo, aproveitando a vida, com o máximo de prazer e, assim, perceber que a cada dia a dádiva de Surpreende-se pode existir.
Talvez por este caminho seja possível responder algumas das perguntas lançadas lá no primeiro texto. Quem sou eu? Quem és tu? Quem somos afinal? 
Almejo que estas respostas nunca sejam encontradas, pois como escreveu o filósofo Confúcio "Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas".

Que esta compressão seja percebida na singularidade de cada um, para assim ter novos ideais, constituindo assim grandes Ideais de Mim.

Desejo um anos de 2017 repleto de novos Ideais para todos.

Claudiane Quaglia
28/12/2016

Recomeçar ....

Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar".

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado.

Chorou muito? Foi limpeza da alma.

Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia.

Sentiu-se só por diversas vezes? É por que fechaste a porta até para os outros.

Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora.

Pois é!
Agora é hora de iniciar, de pensar na luz, de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um novo emprego?
Uma nova profissão?
Um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso, ou aquele velho desejo de aprender a pintar, desenhar, dominar o computador, ou qualquer outra coisa?

Olha quanto desafio.
Quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.

Tá se sentindo sozinho?
Besteira!
Tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento", tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza nem nós mesmos nos suportamos.
Ficamos horríveis.
O mau humor vai comendo nosso fígado, até a boca ficar amarga.

Recomeçar!
Hoje é um bom dia para começar novos desafios.

Onde você quer chegar?
Ir alto.
Sonhe alto, queira o melhor do melhor, queira coisas boas para a vida.
pensamentos assim trazem para nós aquilo que desejamos.

Se pensarmos pequeno, coisas pequenas teremos.

Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da Faxina Mental.

Joga fora tudo que te prende ao passado, ao mundinho de coisas tristes, fotos, peças de roupa,
papel de bala, ingressos de cinema, bilhetes de viagens, e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados.

Jogue tudo fora.

Mas, principalmente, esvazie seu coração.
Fique pronto para a vida, para um novo amor.

Lembre-se somos apaixonáveis, somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes.

Afinal de contas, nós somos o "Amor".

Paulo Roberto Gaefke






quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Transmutação


Transmutação

Versar sobre o que se passou é fácil; entender, nem sempre.
O passado está aí para ser descrito. Porém, no resgate, estas descrições propiciam ao nosso entendimento uma visão do que se passou de uma forma mais plausível que, por sua vez, tem seu objetivo: o de nos impulsionar a vislumbrar novas oportunidades, tirando-nos da inércia.
As dificuldades existem com frequência em nosso dia a dia, desde as coisas que consideramos pequenas, como, por exemplo, quebrar a ponta de um lápis, ou até em situações mais complexas, que aqui não é possível detalhar. Como podemos mensurar a real importância dos infortúnios na vida de alguém?
Independente da magnitude dos infortúnios, eles nos fortalecem, ensinam-nos e assim nos reinventamos constantemente. Desta maneira, ouso fazer uma relação com o processo de transmutação cujo significado no meio químico é a conversão de um elemento químico em outro.
Sentimos por reações eletroquímicas. Assim nos transmutamos com frequência. A transmutação nos acompanha e nos assusta também, pois queremos controlar as situações que até mesmo consideramos como algo certo e imutável, com o intuito de que nada dê errado ao que estamos prevendo.
Jung já dizia “Queremos ter certezas e não dúvidas, resultados e não experiências, mas nem mesmo percebemos que as certezas só podem surgir através das dúvidas e os resultados através das experiências”.  
 Existem momentos que nos deparamos com alguns obstáculos. Nestas horas, o ideal seria agir como um atleta que, antes de um grande salto, necessita voltar passos para ganhar impulso. Às vezes é necessário retroceder um passo para se avançar uma grande distância. Todo compromisso como o novo se beneficia de um impulso positivo, na revisão do que temos desenvolvido até então.
Muitos são os que sentem necessidade de mudar. Poucos são aqueles que estão dispostos a pagar o preço. A vida está aí, mostrando que a cada momento podemos nos reinventar. Assim, como menciona a cantora Pitty, “Chega dessa pele, é hora de trocarPor baixo ainda é serpente e devora a cauda. Pra recomeçar”.

            Está aí mais uma grande oportunidade para mudar. Feliz Natal.

Claudiane Quaglia
22/12/2016

Serpente

Um presságio eu vi também
Arrastou o céu numa conjuração
Corpos ébrios em confusão
A sustentação é que a manhã já vem
Logo mais amanhã já vem
O acaso empurra quem
Se agarra à borda preso em negação
Solitário na multidão
A sustentação é que a manhã já vem
Logo mais amanhã já vem

Chega dessa pele, é hora de trocar
Por baixo ainda é serpente e devora a cauda
Pra recomeçar
(Om Namah Shivaya)
Pelo fogo, transmutação
Sem afago lapidando o aprendiz
O que sobra é cicatriz
A sustentação é que a manhã já vem
Logo mais amanhã já vem

Chega dessa pele, é hora de trocar
Por baixo ainda é serpente e devora a cauda
Pra continuar

 (Logo mais amanhã já vem)
 (Om Namah Shivaya)

 (Logo mais amanhã já vem)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Hedonismo



Hedonismo

As pessoas tendem a rever suas ações em época de final de ano que pode ser empolgante ou até mesmo melancólica, levando-as a perceber os aspectos positivos de um período de muita dedicação.
Ao findar um ciclo encontramos momentos hedonistas, para assim continuar a caminhada e desenvolver um processo de motivação intrínseca elencando novas metas para um porvir.
Por meio de um processo de resiliência que desenvolvemos ao longo de nossa trajetória, conseguimos desenvolver e reconhecer momentos hedonistas que galgamos em nossas vidas. Momentos estes que raramente são constituídos por objetos, aquisições e bens materiais, mas sim momentos prazerosos que são compostos de pessoas e de afetos.
 A palavra hedonismo vem do grego hedonikos, que significa "prazeroso", já que hedon significa prazer. Assim, em suas ações, o ser humano tem a intenção de obter mais prazer e menos sofrimento. Essa forma de viver é, sem dúvidas, uma das coisas que fomentam a ação humana.
A nossa vantagem, como seres humanos, é que somos incompletos. Este é o nosso maior presente e, por isso, sempre teremos a oportunidade de conhecer e de estabelecer relações, bem como vislumbrar novos sonhos e novos prazeres na vida.
A maior feitura em todo este processo está na surpresa, na novidade e naquela pessoa que ainda vou conhecer. O maior acontecimento está em tudo aquilo que ainda vou para viver, mas que não faço a mínima ideia.
No sentido estético e aparente somos seres formados por órgãos, músculos e todo um físico que nos encoberta. Mas na verdade, a nossa maior essência está no outro. Está no ato de se relacionar. Somos constituídos pelos outros também. Cada pessoa deixa um pouco de si em nós. A troca é a maior dádiva que temos. Logo, tenho a ousadia de dizer que é o nosso maior hedonismo na vida.
Como uma forma de agradecer os prazeres que tive até aqui, faço minhas as palavras da autora Cora Coralina que retratou tão magnificamente como somos constituídos interiormente.

Claudiane Quaglia
15/12/2016


"Sou feita de retalhos.
Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.
Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior...
Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade... que me tornam mais pessoa, mais humano, mais completo.
E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também.
E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados... haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma.
Portanto, obrigado a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim.
Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.
E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de nós'."                


Cora Coralina

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Girafas


Girafas

Girafas são animais curiosos. Elas possuem uma imponência e uma maneira clássica de se movimentar. Podem amedrontar por seu tamanho. São raras, observadoras e possuem uma característica própria - o silêncio - que pode ser fonte de inspiração, principalmente nos tempos atuais.
Geralmente, as girafas são animais bastante silenciosos. Inclusive, durante muito tempo, pensou-se que elas fossem mudas, já que o som emitido pela espécie é baixo e ainda mais raro em cativeiros.
Esse silêncio todo tem uma explicação biológica: a traqueia é mais estreita que a dos outros animais. Como a prioridade é respirar e, consequentemente, sobreviver, a emissão de sons acaba ficando em segundo plano. Assim, não por acaso, as girafas costumam ter meios silenciosos de comunicação.
O silêncio pode habitar muitos cativeiros dentro das pessoas também. Este silêncio, por sua vez, tende a proteger, aprisionar, buscar soluções, levar a reflexões, deter segredos, rememorar histórias, resguardar feitos, conservar momentos felizes, traçar caminhos para a nossa imaginação, acalmar, reprimir, buscar respostas, emergir perguntas. Enfim, evidenciar a magnitude da eloquência do silêncio.
A importância do silêncio se manifesta de diversas formas. Até mesmo neste processo de escrita, por exemplo, que, embora geralmente esquecido, existe o silêncio. Ele vem antes da primeira frase do texto e também depois da última palavra, sendo esta ensurdecedora no cativeiro do silêncio em alguns momentos.
As pessoas não podem auscultar nossos sentimentos, nem julgar nossos pensamentos, mas podem pesar nossas palavras e julgar nossas ações. Talvez por este motivo, guardamos muitas coisas em segredo. Tudo aquilo que não é dito, oferece bases para a imaginação alheia. O silêncio desperta a curiosidade.
Segundo um ditado da sabedoria popular: “Carroça vazia faz barulho, mas carroça cheia não consegue se movimentar também”. É preciso então compreender a real dimensão do silêncio.
Não somos girafas. Para a sua preservação elas optam entre emitir som ou silenciar quando necessário. Isso é vital para elas, mas nem sempre para o ser humano. Podemos e devemos nos expressar. A cautela, porém, sempre é boa conselheira.
 Nem todos estão preparados para escutar. Diante disso, preferimos nos calar. Quando o silêncio é exacerbado, este comportamento pode ser um dos caminhos para uma possível patologia que assola o mundo atualmente: a depressão.
 Por outro lado, o falar desmedidamente pode nos conduzir para caminhos de ansiedades, angustias e de frustrações. A opção entre o falar e o calar deve existir. Por vezes, esquecemos disso, pois objetivamos uma confirmação do que acreditamos ou uma esquiva de assuntos que não se tornam interessantes no momento.
Da mesma forma que guardar pensamentos e opiniões é importante, expressar sentimentos, vontades e desejos também o é. Somente assim conseguimos crescer. E, para elucidar um pouco sobre esta dicotomia, transcrevo a música Guardo em Mim, de Teresa Cristina, pois o que passou eu guardo em mim.

Claudiane Quaglia
09/12/2016

Guardo em Mim.....
 
Guardo em mim
Muitas canções
Muitas histórias
Tristes finais
Começos sensacionais
Segredos que a vida traz
Guardo em mim
Paixões divinais
E desilusões cruéis
Já inverti os papéis
Na procura da razão
Na fuga da solidão
O amor de qualquer par
Já fui ao fundo do poço
Sem tropeçar no caminho
Eu já beijei uma rosa
Sem me importar com o espinho
Se sofri, se chorei
Da minha dor, só eu sei
Se foi bom ou ruim
O que passou, eu guardo em mim


Teresa Cristina

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Nefelibatas




Nefelibatas

Viver com a cabeça nas nuvens, na utopia, no imaginário, em um mundo idealizado seria possível?
            Nefelibatas vivem desta maneira, por um período do dia ao menos.
A palavra nefelibata tem origem do grego "nephele" (nuvem) e "batha", (em que se pode andar). Ou seja, aquele que "anda nas nuvens". No contexto geral, trata-se de uma pessoa idealista, descompromissada, que coloca à frente de sua vida aspectos momentâneos, sem se preocupar com o a amanhã.
Fazendo uma analogia com uma história contada na tenra infância da Cigarra e da Formiga, nefelibatas se assemelhariam às Cigarras. Entretanto pessoas com este comportamento a princípio são julgadas e condenadas pela sociedade. Muitos dizem que este comportamento não possui objetivos, acreditando que as ações devem se pautar em ponderações, quantificações e avaliações constantemente.
            Julgar as atitudes e o comportamento dos outros não nos cabe. O ideal seria aprender e agregar aquilo que nos convém. Ao pensarmos em pessoas com o comportamento nefelibata podemos nos inspirar, vislumbrando ter pensamentos mais abertos, pensamentos que tragam inovações, possibilidades e sonhos.
            Perceber a realidade tal qual ela é, torna-se fundamental para nossa sobrevivência. Entretanto, o excesso desta percepção, pode se tornar algo patológico, deixando-nos aquém daquilo que gostamos e das pessoas que amamos.
Transitar entre estes dois mundos pode até ser uma utopia, porém esta busca não. 
Podemos ser suaves quando a ocasião requer uma atitude austera; manter uma tranquilidade quando tudo que está a sua volta aparenta uma extrema desordem.
Andar com os pés no chão e com cabeça nas nuvens em alguns momentos seria uma receita quase infalível para a realização de sonhos.
 Victor Frankl em um de seus livros escreveu que os sobreviventes dos campos de concentração não foram sempre os mais fortes, mas aqueles que conseguiam sonhar, apesar da dura realidade. Ao vislumbrar um horizonte possível, os judeus reuniam estímulos para tocar em frente. Afinal, sonhar é inventar o futuro.
Ser invadido por sensações difusas faz parte da vida. O desejo de fazer e pensar algo diferente do que realizamos rotineiramente nos motiva. Ao adentrarmos em uma perspectiva nefelibata em alguns momentos de nossas vidas endossamos muitos sonhos e vontades que temos.
Somos diferentes e a diferença é o que propicia a singularidade de cada um. No texto de Eduardo Galeano retirado do O Livro dos Abraços, esta ideia se faz presente.

Claudiane Quaglia
02/12/2016

O mundo

Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana.
E disse que somos um mar de fogueirinhas.
— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras.
Não existem duas fogueiras iguais.
Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores.
Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas.
Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.


Eduardo Galeano

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Pretérito Perfeito. Será?




Pretérito Perfeito. Será?

Já se disse que o passado não é o que passou, mas aquilo que ficou do que passou.
Fazendo um breve passeio pela gramática, reconhece-se que o pretérito perfeito se remete a um processo verbal que exprime um fato não habitual, o qual indica a ação momentânea, determinada no tempo.
O objetivo deste texto não é retornar aos bancos escolares da sétima série, revisando regras, mas sim repensar sobre este pretérito que nos acompanha e dele tirar algo de bom. Significa dizer, o importante não é viver novamente o passado. Basta fazer uma leitura sobre ele.
Existe uma grande diferença entre comentar sobre um momento passado e buscar reviver este tempo.
Confabular sobre o que se passou nas nossas vidas é um hábito comum, pois a história se constrói assim. Estas, em sua maioria, deixam-nos a impressão que o passado, mesmo com as adversidades, trazem como herança algo positivo ou algum ensinamento para a vida.
Comentar sobre o que vivemos é algo gratificante, pois assim, resgatamos momentos em que percebemos o quanto fomos fortes, confiantes e dedicados. Esta prática evidencia quantas situações superamos.
 Desta maneira, visitamos momentos pretéritos que, por sua vez, tornam-se perfeitos aos nossos olhos, despertando até um certo ufanismo (atitude de quem se orgulha de alguma coisa com exagero). Como dizem “Quem conta um conto sempre aumenta um ponto”.
Quando comentamos sobre nós mesmos, cada vez que revisitamos a nossa história, os momentos negativos se enfraquecem e os positivos ganham magnitude em nossa oratória.
Entretanto, o oposto também pode ocorrer. Tentamos reviver um passado, e esta prática não é muito benéfica, pois as dores, as frustrações, as decepções e as magoas retornam, resultando em comportamentos agressivos ou introspectivos em demasia.
Ao pensar neste período pretérito da vida, no qual sempre iremos conviver com ele, questionamos:
Será que o passado está agregando algo?
Será que usamos o que passou para nos fortalecer e cultivar nossas convicções e crenças pessoais?
Será que conseguimos deixar ele perfeito para nós em algum momento?
Transformar este pretérito em perfeito demanda reflexões, tempo e maturidade. O que passou nos marca de maneira positiva e negativa, por vezes causa feridas e cicatrizes, mas também despertam memórias, emoções e sentimentos.
Assim, hoje transcrevo um texto de Charlie Chaplin, que nos presenteou em um momento pretérito, mas que também pode se tornar perfeito perante o momento que vivemos. Fica a dica.

Claudiane Quaglia
25/11/2016

A Realidade da Vida

A realidade da vida é que um dia todos mudam e nem sempre aquele que diz: “Eu sou melhor” será assim para sempre.
Tudo vai mudar, tudo vai trocar de lugar.
Quando menos esperarmos, podemos perder as pessoas mais importantes das nossas vidas sem sequer ter dito "adeus".
Seus pensamentos vão mudar.
Você vai se apaixonar, se irritar, odiar e decepcionar-se, mas é o significado da vida: VIVER.
A vida se resume a isso, viver.
Pensar em problemas pra que?
Problemas não passam de problemas!
Dê valor a quem te ama.
Cada pessoa que passa pela nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, pois deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.

                                                                                                                                         
Charlie Chaplin

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O Peixe



O Peixe

Pensar sobre o nosso reflexo no outro (imagem que transmitimos) pode ser uma das coisas que raramente fazemos. Porém, esta imagem diz muito, podendo ter uma representação assertiva ou errônea sobre o que somos e aquilo que transmitimos.
A princípio, o ato de nos enxergamos frente a espelhos já é algo conturbador, pois, dificilmente percebemos aquilo que nos agrada. As críticas ganham o primeiro lugar no pódio das nossas opiniões.  Encontramos “defeitos” hipotéticos e que, na maioria das vezes, somente a nossa singularidade percebe a sua existência.
Tento me ver no espelho. É difícil me enxergar. Quando capto algo, só vejo defeitos. No outro, vejo coisas que desejo ou que abomino. Raramente há meio termo. Da mesma forma que julgo, sou julgado.
Ofuscar a imagem de quem verdadeiramente somos é também muito comum.  Como humanos, temos a tendência de não nos observar. Perceber, opinar e criticar a imagem do outro é bem mais fácil.
Diversos ensinamentos poderiam ser extraídos dessa temática ao longo da nossa caminhada. Entretanto, ainda assim, caímos no mesmo vício de estigmatizar o outro, tendo como base a nossa percepção visual de mundo, sem ao menos, dar margem para que as demais percepções atuem em prol de modificar tal pensamento.
Daí a conclusão, como dizia Jean-Paul Sartre, “O inferno são os outros”.
Neste sentido, torna-se incontestável o verbete segundo o qual “O feitiço se vira contra o feiticeiro”. Fato este que nos conduz a reflexões e aprendizados constantes.
Como me percebo? 
Como quero que me percebam? 
Como acredito que os outros me percebem? 
Estas ideias nos levam a questionamentos intrínsecos, voltando os olhos ou os espelhos para nós mesmos.
Devido às condições da vida, não paramos para refletir sobre tais questionamentos. Comportamo-nos avidamente, sem pensar nestas indagações. Desta maneira, emana o grande dilema que permeia este processo: o ser ou o parecer.
Lidar com este dilema causa inquietações, deixando-nos surpresos, confusos e perplexos. Por vezes, acreditamos que somos e representamos algo e comumente a surpresa nos assola. Enganamo-nos.
Para ilustrar tal ideia, transcrevo a história de um rabino polonês, sobre um pescador que certa vez pescou um salmão e, quando viu seu extraordinário tamanho, exclamou: “Que peixe maravilhoso! Vou levá-lo ao Barão! Ele adora salmão fresco”.
O pobre peixe consolou-se pensando: “Ainda posso ter alguma esperança”, afinal esse tal Barão adora salmão. E lá foi o pescador levar o peixe ao castelo do nobre. Na entrada, o guarda perguntou:
- O que você tem ai?
- Um salmão – respondeu o pescador, orgulhoso.
- Ótimo – disse o guarda. – O Barão adora salmão fresco.
O peixe deduziu que havia mais motivos para ter esperança. O pescador entrou no palácio, e embora o peixe mal pudesse respirar, ainda estava otimista. Afinal, o Barão adora salmão, pensou ele. O peixe foi levado à cozinha, e todos os cozinheiros comentaram o quanto o Barão gostava de salmão. O peixe foi colocado sobre a mesa, e, quando o Barão entrou, ordenou:
- Cortem fora a cauda, a cabeça, e abram o salmão.
Com seu último sopro de vida, o peixe gritou:
- Por que você mente, deixe-me viver. Você não gosta de salmão, oras?

Retomando: Como me percebo? Como quero que me percebam? Como acredito que os outros me percebem?


Somos todos singulares. É por este motivo que precisamos uns dos outros para dar um real sentido as nossas vidas. Entretanto, ao pensar nestas indagações podemos realizar a tentativa de evitar desilusões, frustrações e surpresas. Fica a dica.

Claudiane Quaglia
17/11/2016