sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Pantagruélico



Pantagruélico

O autor Albert Schweitezer escreveu “A tragédia não é quando um homem morre. A tragédia é o que morre dentro de um homem quando ele está vivo.”
Estar vivo também é surpreender-se constantemente com os outros e, mais ainda, consigo mesmo, principalmente quando descobrimos e aprendemos algo novo ou diferente em nossas vidas.
Validamos a nossa existência em situações complexas ou até em atos simples, como descobrir o significado e o sentindo de uma palavra, por exemplo.
A palavra pantagruélico pode bem elucidar isso. Embora o verbete seja pouco usual em nosso dia a dia, o seu significado faz parte do nosso cotidiano, sem que possamos ter a real ciência disso.
Em uma de suas definições, o adjetivo pantagruélico se remete àquele que faz ou se entrega à comilança, sendo voraz, comportamento este, oposto à modéstia e à timidez.
            No resgate etimológico, a história de Pantagruel se remete à obra de François Rabelais. Em seus dois livros 'Gargantua' e 'Pantagruel' relata sobre gigantes de apetites imensos, critica a estagnação, atacando as convenções. As obras foram consideradas obscenas, na época, devido à expressão dos instintos.
Somos famintos por essência. Não somos famintos somente no sentido fisiológico da expressão. Temos fome de sucesso, de amores, de felicidade, de educação, de gentileza, de empenho, de inteligência, de alegria, de motivação, de determinação, de iniciativa e de muitos outros atributos que podem nos constituir.
Somos pantagruélicos.
O que não temos é o nosso próprio reconhecimento disso.
Não nos percebemos assim, por questões sociais, históricas ou, até mesmo por razões desconhecidas, deixamos de assumir a nossa voracidade nas atitudes.
Buscar e lutar pelo que queremos, sendo pantagruélicos (comilões, vorazes) por aquilo que almejamos não é errado. Existem momentos que ter atitude assim pode causar estranheza, mas lutar e buscar aquilo que almejamos é fundamental.
Galgar o que realmente queremos não deveria ser uma exceção, mas sim a regra primordial na vida de cada um.
Mais difícil do que pronunciar uma palavra em desuso como pantagruélico é deixar em desuso o que realmente queremos para nós, por medos, receio de julgamentos, exposições e críticas, levando-nos a um comodismo.
Que possamos ser ávidos pantagruélicos, evitando a inanição daquilo que nos fortalece, para assim fartar-nos de todos os atributos que nos impulsionam a alcançar aquilo que realmente queremos, sem receios.
Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga

CRP 06/134348 - 27/01/2017