Mosaico
Somos singulares. Podemos
fazer parte de uma mesma espécie, mas somos constituídos de uma maneira única,
com sentimentos e histórias que pertencem somente a nossa individualidade.
As situações pelas
quais deparamo-nos durante a vida possuem diversas interpretações. Julgar como
o outro deve agir, comportar-se, sentir e pensar com base em nossas vivências é
inócuo, vazio e sem sentido.
Fazemos parte de um
todo, de um meio social, meio este que aprendemos e ensinamos reciprocamente. Porém,
a convivência com as pessoas neste meio nem sempre se torna algo agradável. Chegamos
a pensar, em alguns momentos, que somos uma peça fora do lugar.
Ao se fazer uma
comparação de um grande quebra-cabeça com as nossas convivências e relações,
percebe-se que o objetivo em se montar ambos é construir um todo harmônico. As
peças são agregadas umas às outras.
No todo deste quebra
cabeça existem peças com diferentes formas e cores. Não existem peças iguais. As
formas podem até ser similares, mas a tonalidade da cor faz diferença.
Por vezes, na tentativa
de nos enquadrarmos nos modelos existentes, forçamo-nos a ser quem não somos
somente para agradar aos outros, para não decepcionarmos e para sentirmo-nos
parte de um grupo (fato este que é, muitas vezes, fundamental para nossa
sobrevivência).
Por sorte, não existe uma
regra dizendo que temos de ser adequados a um quebra-cabeça. Sabemos, por outro
lado, que uma peça única, desligada das demais, pode ficar perdida também.
Mas se pensarmos que
podemos fazer parte de um mosaico, no qual todas as peças ficam próximas umas
das outras, teremos uma imagem. A diferença é que cada peça será inserida no
contexto da maneira que é constituída. As peças podem ser grandes, pequenas,
coloridas ou opacas. Elas vão se agregar. Peças singulares formam um todo também.
O mosaico se transforma
em imagens surpreendentes, criativas e inusitadas. A percepção deste não é
estática, cada um observa de uma maneira diferente, transforma-se.
Podemos ser semelhantes
a estas peças do mosaico. Podemos ser diferentes e nos adaptar ao todo. Isso é
diferente de se emoldurar, prevalecendo o respeito, a singularidade e
reconhecendo, enfim, que tudo e todos mudam constantemente. Percebemos e somos
percebidos de diferentes formas em diferentes momentos.
Quem você era, quem
você é e quem você será são pessoas completamente diferentes. Mesmo assim, você
e eu ainda faremos parte de uma mesma arte.
A arte da convivência.
Claudiane
Quaglia
12/01/2017