quinta-feira, 6 de abril de 2017

Aprisionados



Aprisionados


Devido à complexidade humana e a sua magnitude perante os demais seres vivos, nós humanos buscamos constantemente ampliar os nossos horizontes de diferentes maneiras. Somos mutáveis.
Decorrente deste processo, avançamos gradativamente na história da humanidade, na qual cada indivíduo deixa um pouco de si e por isso somos fundamentais.
            Perante este comportamento ou hábito de inovar e avançar nas buscas, tendemos a nos perder em alguns momentos. Como diz a sabedoria popular “Acabamos por reinventar a roda”. Deixamos de perceber algo que é simples e transformamos em complicado e difícil.
Mas por que sentimos esta necessidade?
Talvez Franz Kafka tenha tentado responder quando escreveu a seguinte frase: “Foi a impaciência que nos expulsou do Paraíso. E também é ela que nos impede de lá voltar”
A maneira como percebemos as coisas e agimos perante os fatos cotidianos, resultam em ansiedades e práticas impetuosas por vezes.
A busca por um reconhecimento momentâneo, almejando sempre algo melhor, superando o que já foi feito por outras pessoas, leva-nos para uma direção de aflição e insatisfação constantemente.
Buscamos um diferencial, uma marca registrada. Queremos ser lembrados e reconhecidos como ímpares dentre tantas pessoas que nos circundam.
Entretanto, por meio desta busca desmedida, colocamo-nos presos dentro dos nosso anseios e expectativas.
Na música Wish You Were Here, um clássico de Pink Floyd, existe uma frase peculiar, que pode trazer reflexões: “Você deixou de ser coadjuvante na batalha pra ser protagonista numa cela”.
Por este anseio, deixamos de lado momentos e pessoas que realmente importam em nossas vidas. Ficamos aprisionados em nós mesmos e os feitos que tanto buscamos não são reconhecidos por quem gostaríamos, pois os afastamos gradativamente.
Valorizamos mais o ter do que o ser. Mas cobramos os oposto.
      Contraditoriamente quanto mais o tempo passa e nos afastamos, mais cobramos dos outros afetos e sentimentos fraternos. Buscamos relacionamentos cujo valor se baseie no que somos e não no que temos, mas caminhamos na estrada oposta.
          Celas aprisionam. São solitárias e frias. Deixam-nos com uma visão limitada do mundo. Ficamos isolados.
Perceber se há ou não este aprisionamento é muito importante. Se a busca pelo protagonismo o está deixando isolado, é hora de rever seus objetivos e abrir suas prisões.
Cobrar o que de quem afinal?

Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga

CRP 06/134348 - 06/04/2017