Aprisionados
Devido à complexidade
humana e a sua magnitude perante os demais seres vivos, nós humanos buscamos
constantemente ampliar os nossos horizontes de diferentes maneiras. Somos
mutáveis.
Decorrente deste processo,
avançamos gradativamente na história da humanidade, na qual cada indivíduo
deixa um pouco de si e por isso somos fundamentais.
Perante
este comportamento ou hábito de inovar e avançar nas buscas, tendemos a nos
perder em alguns momentos. Como diz a sabedoria popular “Acabamos por
reinventar a roda”. Deixamos de perceber algo que é simples e transformamos em
complicado e difícil.
Mas por que sentimos esta
necessidade?
Talvez Franz Kafka tenha
tentado responder quando escreveu a seguinte frase: “Foi a impaciência que nos
expulsou do Paraíso. E também é ela que nos impede de lá voltar”
A maneira como percebemos
as coisas e agimos perante os fatos cotidianos, resultam em ansiedades e práticas
impetuosas por vezes.
A busca por um reconhecimento
momentâneo, almejando sempre algo melhor, superando o que já foi feito por
outras pessoas, leva-nos para uma direção de aflição e insatisfação constantemente.
Buscamos um diferencial,
uma marca registrada. Queremos ser lembrados e reconhecidos como ímpares dentre
tantas pessoas que nos circundam.
Entretanto, por meio
desta busca desmedida, colocamo-nos presos dentro dos nosso anseios e expectativas.
Na música Wish You Were Here, um clássico de Pink
Floyd, existe uma frase peculiar, que pode trazer reflexões: “Você deixou de
ser coadjuvante na batalha pra ser protagonista numa cela”.
Por este anseio, deixamos
de lado momentos e pessoas que realmente importam em nossas vidas. Ficamos
aprisionados em nós mesmos e os feitos que tanto buscamos não são reconhecidos
por quem gostaríamos, pois os afastamos gradativamente.
Valorizamos mais o ter do
que o ser. Mas cobramos os oposto.
Contraditoriamente
quanto mais o tempo passa e nos afastamos, mais cobramos dos outros afetos e
sentimentos fraternos. Buscamos relacionamentos cujo valor se baseie no que
somos e não no que temos, mas caminhamos na estrada oposta.
Celas
aprisionam. São solitárias e frias. Deixam-nos com uma visão limitada do mundo.
Ficamos isolados.
Perceber se há ou não
este aprisionamento é muito importante. Se a busca pelo protagonismo o está
deixando isolado, é hora de rever seus objetivos e abrir suas prisões.
Cobrar o que de quem
afinal?
Claudiane Quaglia
Psicóloga e
Pedagoga
CRP 06/134348 - 06/04/2017