Eu
sou bom nisso!
Quando vivenciamos a
infância, um sentimento de afirmação quanto as nossas possibilidades existe.
Somos confiantes, corajosos e destemidos.
Característica nata infantil
que, com o passar dos anos, tende a diminuir.
Nesta fase da vida,
quando realizamos feitos de sucesso, somos reconhecidos pelas pessoas que, por
sua vez, incentivam e valorizam as nossas ações. Acreditar que somos bons em
algo não é difícil. Antes de realizarmos alguma ação nesta fase infantil, não
temos sequer a dúvida de que não iremos conseguir, ou que não é possível.
Acreditamos que somos os
melhores, naquele sentido e momento.
Acreditamos e aprendemos
que podemos ser bom em algo.
Entretanto com a
maturidade, esta autoafirmação parece que se esvai, na medida em que nossa
confiança começa a ser testada.
Em vez de termos ao nosso
redor pessoas que nos incentivam, temos pessoas com as quais nos comparamos e,
de certa forma, deixamos de acreditar que somos bons, pois parece que sempre
terá alguém que fará melhor. Enquanto o outro tem êxito, vacilamos.
Será que os elogios e
incentivos somem ou apenas deixamos de percebê-los? Talvez as duas coisas ao
mesmo tempo.
Dúvidas quanto as nossas
potencialidades nascem. Questionamos por
que ninguém nos dá um feedback ou um
direcionamento quanto ao que estamos fazendo. O sentimento de desorientação
ganha magnitude e comportamentos de insegurança transparecem.
Esquecemos que
vivenciamos e aprendemos a ser confiantes. Ser bom em algo fez e faz parte de
nossa história. Resgatar nosso passado e reconhecer nossos êxitos é de
fundamental importância.
Desta maneira, fortificamos
os sentimentos de autoestima, autoconfiança naquilo que nos dedicamos a fazer.
Almejamos que as pessoas
nos reconheçam e nos valorizem, mas esquecemos de fazer isso conosco.
Admitir “Eu sou bom
nisso” parece que se torna um equívoco ou algo muito diferente, soando até
mesmo como arrogância. Existe, na verdade, uma grande diferença entre ser
arrogante e não se reconhecer.
Conta-se que após terminar de esculpir a estátua de Moisés, Michelangelo
passou por um momento de alucinação diante da beleza da escultura. Bateu com um
martelo na estátua e começou a gritar: por que não falas? (Perché non parli?).
É o próprio reconhecimento de que era um exímio escultor.
Valorizar nossas
conquistas cabe somente a nós, pois somente quem caminha sabe onde os calos
doem.
Ao reconhecer a
dedicação, o empenho e o esforço que temos na realização de algo e assumir que “Eu
sou bom nisso” irá soar de uma maneira bem diferente e cabível em nossa vidas.
Claudiane Quaglia
Psicóloga e
Pedagoga
CRP 06/134348 -
02/05/2017