terça-feira, 2 de maio de 2017

Eu sou bom nisso!



Eu sou bom nisso!


Quando vivenciamos a infância, um sentimento de afirmação quanto as nossas possibilidades existe. Somos confiantes, corajosos e destemidos.
Característica nata infantil que, com o passar dos anos, tende a diminuir.
Nesta fase da vida, quando realizamos feitos de sucesso, somos reconhecidos pelas pessoas que, por sua vez, incentivam e valorizam as nossas ações. Acreditar que somos bons em algo não é difícil. Antes de realizarmos alguma ação nesta fase infantil, não temos sequer a dúvida de que não iremos conseguir, ou que não é possível.
Acreditamos que somos os melhores, naquele sentido e momento.
Acreditamos e aprendemos que podemos ser bom em algo.
Entretanto com a maturidade, esta autoafirmação parece que se esvai, na medida em que nossa confiança começa a ser testada.
Em vez de termos ao nosso redor pessoas que nos incentivam, temos pessoas com as quais nos comparamos e, de certa forma, deixamos de acreditar que somos bons, pois parece que sempre terá alguém que fará melhor. Enquanto o outro tem êxito, vacilamos.
Será que os elogios e incentivos somem ou apenas deixamos de percebê-los? Talvez as duas coisas ao mesmo tempo.
Dúvidas quanto as nossas potencialidades nascem.  Questionamos por que ninguém nos dá um feedback ou um direcionamento quanto ao que estamos fazendo. O sentimento de desorientação ganha magnitude e comportamentos de insegurança transparecem.
Esquecemos que vivenciamos e aprendemos a ser confiantes. Ser bom em algo fez e faz parte de nossa história. Resgatar nosso passado e reconhecer nossos êxitos é de fundamental importância.
Desta maneira, fortificamos os sentimentos de autoestima, autoconfiança naquilo que nos dedicamos a fazer.
Almejamos que as pessoas nos reconheçam e nos valorizem, mas esquecemos de fazer isso conosco.
Admitir “Eu sou bom nisso” parece que se torna um equívoco ou algo muito diferente, soando até mesmo como arrogância. Existe, na verdade, uma grande diferença entre ser arrogante e não se reconhecer.
Conta-se que após terminar de esculpir a estátua de Moisés, Michelangelo passou por um momento de alucinação diante da beleza da escultura. Bateu com um martelo na estátua e começou a gritar: por que não falas? (Perché non parli?). É o próprio reconhecimento de que era um exímio escultor.
Valorizar nossas conquistas cabe somente a nós, pois somente quem caminha sabe onde os calos doem.
Ao reconhecer a dedicação, o empenho e o esforço que temos na realização de algo e assumir que “Eu sou bom nisso” irá soar de uma maneira bem diferente e cabível em nossa vidas.

Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga

CRP 06/134348 - 02/05/2017