Moldura
“Não podemos escolher o que vida
vai colocar à nossa frente. Mas podemos escolher como agir diante do que ela
nos apresenta”, já escreveu o autor Carlos Hilsdorf.
Nem sempre estamos dispostos a
agir, mas sim a procrastinar algumas ações, alegando falta de tempo ou de
vontade para realizar algo. O ato de esperar pode se tornar um grande
impeditivo em nossas vidas.
A forma como
encaramos uma situação pode mudar radicalmente o seu resultado. Quando
procrastinamos algo, deixamos para depois momentos que não retornam mais. Com
isso, perdemos a oportunidade e a chance de agir.
A analogia com um
quadro é oportuna. Ao admirarmos uma pintura exposta em uma tela, percebemos o
todo. Visualizamos uma obra que expressa os sentimentos e os desejos de um
artista, demonstrando assim a sua ação. Também observamos a moldura desta obra que,
por sua vez, é um complemento da obra em si. O objetivo da moldura é delimitar.
Nada além disso.
Na vida,
entretanto, as pessoas tendem a confundir a obra de arte com a moldura. Procrastinam
as ações que são importantes e se dedicam somente às intenções. Prendem-se a
adornos que elas mesmas criam.
Questionamo-nos
sobre o que é mais importante ao admirarmos um quadro: a moldura ou a obra de
arte em si? Parece que a resposta torna-se óbvia. Uma moldura vazia, por mais
rebuscada que seja, não tem sentido algum sem uma obra que a complemente.
Obviamente, o conteúdo tem mais relevância que a forma (moldura) que a delimita.
O movimento de
pensarmos se as nossas ações se assemelham mais à obra ou à moldura faz com que
possamos rever nossas atitudes. Muitas vezes, ficamos agarrados somente à moldura,
ou seja, a problemas e obstáculos que criamos alegando a falta de tempo,
disposição, motivação ou outro adjetivo que nos leve ao ato de procrastinar e
de perder oportunidades.
Existem muitos
momentos que marcam uma virada na vida, os chamados “turning-points”. O início
de um novo ano, por exemplo, pode ser uma destas oportunidades.
Talvez, este seja um momento para observarmos
o nosso quadro e refletir se estamos dando mais ênfase à obra em si, ou a sua
moldura; se estamos dando mais importância às nossas ações ou ao processo de procrastinar.
Que neste ano possamos ser os
verdadeiros artistas da obra de arte mais magnífica e admirável que existe. A
nossa vida. Pinte-a.
Claudiane Quaglia
05/01/2017