quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Moldura



Moldura

“Não podemos escolher o que vida vai colocar à nossa frente. Mas podemos escolher como agir diante do que ela nos apresenta”, já escreveu o autor Carlos Hilsdorf.
Nem sempre estamos dispostos a agir, mas sim a procrastinar algumas ações, alegando falta de tempo ou de vontade para realizar algo. O ato de esperar pode se tornar um grande impeditivo em nossas vidas.
A forma como encaramos uma situação pode mudar radicalmente o seu resultado. Quando procrastinamos algo, deixamos para depois momentos que não retornam mais. Com isso, perdemos a oportunidade e a chance de agir.
A analogia com um quadro é oportuna. Ao admirarmos uma pintura exposta em uma tela, percebemos o todo. Visualizamos uma obra que expressa os sentimentos e os desejos de um artista, demonstrando assim a sua ação. Também observamos a moldura desta obra que, por sua vez, é um complemento da obra em si. O objetivo da moldura é delimitar. Nada além disso.
Na vida, entretanto, as pessoas tendem a confundir a obra de arte com a moldura. Procrastinam as ações que são importantes e se dedicam somente às intenções. Prendem-se a adornos que elas mesmas criam.
Questionamo-nos sobre o que é mais importante ao admirarmos um quadro: a moldura ou a obra de arte em si? Parece que a resposta torna-se óbvia. Uma moldura vazia, por mais rebuscada que seja, não tem sentido algum sem uma obra que a complemente. Obviamente, o conteúdo tem mais relevância que a forma (moldura) que a delimita.
O movimento de pensarmos se as nossas ações se assemelham mais à obra ou à moldura faz com que possamos rever nossas atitudes. Muitas vezes, ficamos agarrados somente à moldura, ou seja, a problemas e obstáculos que criamos alegando a falta de tempo, disposição, motivação ou outro adjetivo que nos leve ao ato de procrastinar e de perder oportunidades.
Existem muitos momentos que marcam uma virada na vida, os chamados “turning-points”. O início de um novo ano, por exemplo, pode ser uma destas oportunidades.
 Talvez, este seja um momento para observarmos o nosso quadro e refletir se estamos dando mais ênfase à obra em si, ou a sua moldura; se estamos dando mais importância às nossas ações ou ao processo de procrastinar.
Que neste ano possamos ser os verdadeiros artistas da obra de arte mais magnífica e admirável que existe. A nossa vida. Pinte-a.
 
Claudiane Quaglia

05/01/2017