Versão
Beta
No decorrer de nossas
vidas, passamos por diversas fases. Muitos autores já discorreram sobre as
fases do desenvolvimento humano por diferentes óticas. Todas descrevem como nos
comportamos, seja no sentido físico, afetivo ou social, com o passar dos tempos.
O tempo sempre esteve
presente, de maneira positiva ou negativa, no processo de desenvolvimento. Por
isso, nós, seres humanos, sempre estamos a nos confrontar com este tempo, pois
em alguns momentos almejamos o seu retrocesso e em outros queremos ser
adivinhos e controladores dele.
Com base nesta confusão
temporal, acreditamos que estamos prontos em certos momentos da vida. A cultura
estabeleceu marcos sociais para que almejássemos nos desenvolver, como se fechássemos
ciclos e iniciássemos outros.
Eventos como aniversários,
casamentos e formaturas, por exemplo, ganham esta conotação, ou seja, de certa
forma criamos conjecturas que nos levam a um desenvolvimento cronometrado. Uma
busca constante de nos desenvolver a tempo.
Mas a tempo de que
mesmo?
Indagações sobre a
relação do tempo e do desenvolvimento sempre instigaram estudiosos de diversas áreas.
No meio tecnológico, os pesquisadores resgataram nos tempos antigos uma
denominação para relacionar tais processo: a versão beta
Neste contexto tecnológico, a versão beta é a versão de
um produto (geralmente software) que ainda se encontra em fase de
desenvolvimento e testes e é disponibilizada para que os usuários possam testar
e, eventualmente, reportar bugs (problemas) para os desenvolvedores.
No entanto, esses
produtos muitas vezes são popularizados bem antes de sair a versão final. Na
prática, sempre que um programa é lançado em versão beta, significa que o
próprio desenvolvedor admite que o programa ainda não está pronto e pode ter
problemas. Porém, já está em um nível viável para a utilização, mesmo que sem
nenhuma garantia.
A versão beta é uma
constante em nossas vidas. Estamos sempre em desenvolvimento, independentemente
do tempo ou da fase em que estamos. Neste
caso, entretanto, não temos um desenvolvedor para nos orientar ou corrigir
nossos “defeitos”.
Por sorte não existe
uma versão final dos seres humanos.
Certa vez o autor
Eno Theodoro Wanke mencionou uma celebre frase: “Antes de os relógios existirem,
todos tinham tempo. Hoje, todos tem relógios.”
Somos nossos próprios
desenvolvedores. Cabe-nos perceber que temos um tempo para este processo e que
podemos errar e acertar. O que importa é que sempre estamos nos desenvolvendo,
independentemente do resultado ou do tempo.
Que possamos deixar
nossos relógios de lado e compreender que a versão beta se faz presente. Sempre
será tempo para buscar, ousar, aprender, ensinar e, principalmente, para nos
desenvolver. Há tempo para tudo.
Claudiane
Quaglia
Psicóloga e
Pedagoga
CRP 06/134348 -
09/02/2017