quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Versão Beta


Versão Beta


No decorrer de nossas vidas, passamos por diversas fases. Muitos autores já discorreram sobre as fases do desenvolvimento humano por diferentes óticas. Todas descrevem como nos comportamos, seja no sentido físico, afetivo ou social, com o passar dos tempos.
O tempo sempre esteve presente, de maneira positiva ou negativa, no processo de desenvolvimento. Por isso, nós, seres humanos, sempre estamos a nos confrontar com este tempo, pois em alguns momentos almejamos o seu retrocesso e em outros queremos ser adivinhos e controladores dele.
Com base nesta confusão temporal, acreditamos que estamos prontos em certos momentos da vida. A cultura estabeleceu marcos sociais para que almejássemos nos desenvolver, como se fechássemos ciclos e iniciássemos outros.
Eventos como aniversários, casamentos e formaturas, por exemplo, ganham esta conotação, ou seja, de certa forma criamos conjecturas que nos levam a um desenvolvimento cronometrado. Uma busca constante de nos desenvolver a tempo.
Mas a tempo de que mesmo?
Indagações sobre a relação do tempo e do desenvolvimento sempre instigaram estudiosos de diversas áreas. No meio tecnológico, os pesquisadores resgataram nos tempos antigos uma denominação para relacionar tais processo: a versão beta
Neste contexto tecnológico, a versão beta é a versão de um produto (geralmente software) que ainda se encontra em fase de desenvolvimento e testes e é disponibilizada para que os usuários possam testar e, eventualmente, reportar bugs (problemas) para os desenvolvedores.
No entanto, esses produtos muitas vezes são popularizados bem antes de sair a versão final. Na prática, sempre que um programa é lançado em versão beta, significa que o próprio desenvolvedor admite que o programa ainda não está pronto e pode ter problemas. Porém, já está em um nível viável para a utilização, mesmo que sem nenhuma garantia.
A versão beta é uma constante em nossas vidas. Estamos sempre em desenvolvimento, independentemente do tempo ou da fase em que estamos.  Neste caso, entretanto, não temos um desenvolvedor para nos orientar ou corrigir nossos “defeitos”.
Por sorte não existe uma versão final dos seres humanos.
Certa vez o autor Eno Theodoro Wanke mencionou uma celebre frase: “Antes de os relógios existirem, todos tinham tempo. Hoje, todos tem relógios.”
Somos nossos próprios desenvolvedores. Cabe-nos perceber que temos um tempo para este processo e que podemos errar e acertar. O que importa é que sempre estamos nos desenvolvendo, independentemente do resultado ou do tempo.
Que possamos deixar nossos relógios de lado e compreender que a versão beta se faz presente. Sempre será tempo para buscar, ousar, aprender, ensinar e, principalmente, para nos desenvolver. Há tempo para tudo.

Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga

CRP 06/134348 - 09/02/2017