sexta-feira, 28 de abril de 2017

Dilema de Antígona



Dilema de Antígona


Escolhas fazem parte de nossas vidas. Com elas aprendemos muitas coisas, principalmente o valor do sim e do não frente às decisões que tomamos.
Decorrente deste processo, dilemas permeiam a história da humanidade, pois as decisões possuem um peso muito grande, principalmente para quem decide.
Saber ponderar entre o que é legal (no sentido de estar previsto em lei) e o que se considera justo não é algo fácil. Buscamos ter certezas, evitar sofrimentos e almejamos um bem-estar constante.
Mas, na verdade, sempre perdemos algo ou alguém quando optamos.
Elucidativo o “Dilema de Antígona”, que retrata um paradigma da tragédia pessoal e social, tema que tem se repetido historicamente.
Conta-se que Antígona, descumprindo o decreto do soberano, resolveu prestar culto a seu irmão falecido, enterrando-o com as solenidades da época, o que desagradou a todos, visto que ele foi considerado um traidor.
Como toda tragédia grega, o dilema representa de forma dramática os valores humanos contraditórios. Mas se diferencia significativamente por ser ambientada na esfera da coletividade, tratando-se assim de um drama não só individual, mas também e, principalmente, social.
Tal dilema resgata a ideia de que vivemos em processos contraditórios entre o que nos é estipulado e o que realmente desejamos.
Convivemos em sociedade que, por sua vez, é composta por indivíduos com características e anseios próprios.
Como ponderar e lidar com situações sociais e pessoais ao mesmo tempo?
Tal dilema se perpetua em nossas vidas constantemente.
A quem devemos obedecer? À lei da sociedade ou à voz da consciência? Como conciliar as duas coisas?
O tormento interior entre viver com a culpa por fazer algo que nos satisfaz e cumprir obrigações morais impostas pela sociedade nos assola. Podemos ter a ciência de que:
Ceder não é se reprimir.
Ouvir e respeitar a ideia alheia não nos faz inferiores.
Não existe verdade absoluta e sim verdade relativa, contextualizadas.
Enfim, os dilemas sempre estarão a nossa frente. A maneira como lidamos e os observamos pode e deve se diferenciar constantemente.
Quando somos pessimistas, nos rendemos ao problema e por isso nós mesmos acabamos dando a ele um final que nem mesmo queremos.


Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga

CRP 06/134348 - 28/04/2017