quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Identidade ou “Idem Idade”?



Identidade ou “Idem Idade”?

Em certos momentos da vida, as circunstâncias exigem a validação da nossa identidade, ou seja, que possamos defender com convicção aquilo que queremos e acreditamos.
Porém, nem sempre é fácil ter atitudes assim.
Quando não colocamos nossas opiniões sobre assuntos ou sobre qualquer outra situação, logo ecoam frases como: “Que falta de identidade”; “Não sabe o que quer”.
Será que aprendemos a construir nossa identidade ou a nossa “idem idade”?
Idem é uma palavra cuja origem é o latim e significa "o mesmo", "igual" ou "da mesma maneira".
Como ter uma identidade se convivemos em uma sociedade que por vezes nos ensina a ter uma “idem idade”, ou seja, devemos ter atitudes iguais às das outras pessoas e na idade cronológica que todos têm também.
Muitas vezes acreditamos que estamos agindo conforme aquilo que acreditamos e defendemos. Afinal, é assim que construímos nossa identidade gradativamente. Entretanto, a confusão verbal da “idem idade” nos persegue, pois agimos e pensamos, em alguns momentos, como todos e isso por ser mais conveniente e aceitável.
Comumente é possível encontrar pessoas que parecem vivenciar seus dias da mesma maneira. Idem ao dia anterior. Não percebem as novidades e os acréscimos que temos a cada momento e a cada nova vivência.
Muitas vezes, por comodismo, medo ou receio, deixamos de ousar ou de fazer algo que realmente queremos, porque algumas atitudes não condizem com a idade cronológica que temos. A crença de um julgamento negativo nos assola.
Somos diferentes. Temos atributos próprios e características únicas que nos diferem uns dos outros. Temos nossa identidade sim.
Aliás, construímos esta identidade própria com o passar dos anos. Na verdade, ela nunca estará pronta. Ter uma identidade não se remete somente a uma constituição legal traduzida em documentos, que acompanham o indivíduo.
O sentido da identidade vai além de ser um conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os quais se podem diferenciar as pessoas. Ter uma identidade remete-se a algo mais amplo, onde podemos valorizar aquilo em que acreditamos como valor, o que nos torna únicos com nossas qualidades e defeitos.
Somente assim poderemos desfrutar e perceber a nossa real identidade, que é constituída de vivacidade, singularidade, cumplicidade, animosidade, maturidade e outros tantos atributos que são acrescidos com o passar da nossa idade.

Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga

CRP 06/134348 - 16/02/2017

5 comentários:

  1. Meus parabéns que belo texto, escorreito e esclarecedor de pensamentos sobre essa confusão que muitos fazem. Dizem que os mais velhos são mais maduros e vividos, todavia, ouso comentar que há varios jovens que possuem experiência de vida difícil e amadurecem se forma precoce.
    Enfim, parabéns novamente e obrigado por compartilhar esse pensamento.

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    1. Muito obrigada, concordo contigo e seu comentário incentiva novas reflexões. Grata

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  2. Bom dia,
    Tenho algumas ideias quanto a isso.
    No que diz respeito à formação de nossa identidade, ela resulta de um processo que se dá ao longo de toda nossa vida. A identificação resulta de uma série de identificações que realizamos durante nossa existência. O processo de identificação é uma necessidade humana de sermos parecidos ou até mesmo iguais a modelo admirado. É claro que nunca conseguimos ser iguais a alguém que admiramos, embora alguns, realizem esforços incríveis para isso, mas ao fazermos isso , o nosso ideal de ego se realiza ao sermos muito próximos a este modelo. Assim, por meio das inúmeras identificações somos sempre um pouco, ao menos em nossa fantasia, parecidos com este modelo. Por meio da identificação nós nos aproximamos dele e passamos por identificação, a ter algo que ele tem. É mais ou menos assim, que funciona o processo de identificação e que usamos os modelos para nos inspirar. É certo que mesmo querendo ser igual, percebemos pela consciência que não somos idênticos ao modelo. Só conseguimos ser idênticos a nós mesmos, por isso é que usamos uma carteira de identidade, porque precisamos provar que somos idênticos a nós mesmos. Importante ressaltar que muitas identificações podem resultar de uma pressão social ou "modismo" que nos levam, por influência ideológica, a querermos ser iguais a alguém. No entanto, diferente de constituir uma identidade, que é uma necessidade individual de qualquer pessoa ao longo do seu desenvolvimento, a " idem idade" poderia ser entendida como uma imposição externa ou expectativa social, sem repercussão real no mundo interno da pessoa, para que respondemos o que é estabelecido pelos diferentes os grupos sociais ou culturais para determinada fase ou etapa da vida. Assim, nem sempre nós as identificações podem coincidir com as expectativas sociais. Uma pessoa jovem, por exemplo, pode querer parecer, por identificação, com uma pessoa mais velha e ser criticada por isso. Seria talvez desejável que cada pessoa pudesse ter sua identidade a partir daquilo que é bom para ela mas a sociedade pode interferir nestes processos e criar obstáculos e impedimentos, produzindo sofrimento e dor àqueles que gostariam de ser diferentes do estabelecido externamente.
    Obrigado pela reflexão, bjks

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  3. Agradeço imensamente sua reflexão Professora Rosalice Lopes. Estamos imersos em uma sociedade exigente e o sofrimento perante estas cobranças existem direta ou indiretamente. Com a sua contribuição podemos refletir mais quanto a isso. Muito obrigada, me incentiva e me inspira muito.

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  4. Profundo essa diferenciação e de modo simples, acredito ser um despertar, para que possamos realmente usar e fazer válido nossa identidade.

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