segunda-feira, 29 de maio de 2017

Ainda não...



Ainda não...


Diversos tipos de expressões verbais são utilizadas para evidenciar aquilo que queremos, ou para deixar de fazer algo que nos desagrade.
Dizer para as pessoas o que realmente temos vontade não é algo tranquilo, pois não sabemos como o outro irá reagir neste sentido. A reação alheia será sempre uma incógnita para nós.
Algumas expressões tornam-se dúbias, ou seja, não deixam clara a nossa posição quanto a um fato. Assim, deixamos que as interpretações ganhem dimensões conforme o entendimento do outros.
Um exemplo deste fato se remete à expressão “ainda não”.
Quando respondemos alguma questão com estas palavras, não negamos e nem aceitamos algo. Simplesmente não estamos certos do que queremos.
As duas palavras “ainda não” podem revelar, ao mesmo tempo, um fracasso atual como também pode transparecer uma promessa.
É, efim, um exemplo de otimismo declarado.
O filósofo Franz Rosenzweig (1866-1929), considerado por muitos estudiosos como um dos mais importantes pensadores do século XX, quando questionado se era religioso, respondeu: “ainda não”.
Muitas vezes, buscamos ser diretos, incisivos e ter respostas exatas. Porém, nem sempre estamos preparados para enfrentarmos algo ou para abdicarmos de um desejo.
Comumente o “ainda não” se faz presente em nossas vidas, dando uma satisfação incerta sobre nossas ações ou omissão, como por exemplo:
- Já iniciou o regime? Ainda não.
- Terminou o curso de inglês? Ainda não.
- Já foi para Disney: Ainda não.
Enfim, exemplos de como usamos o “ainda não” em nossas vidas são muitos. Entretanto, esta expressão também evidencia o quanto queremos algo no nosso tempo e não no tempo dos outros.
O “ainda não” representa o meio do caminho, não chegamos lá ainda, porém não desistimos de caminhar.
Como escreveu Johann Goethe:Não basta dar os passos que nos devem levar um dia ao objetivo, cada passo deve ser ele próprio um objetivo em si mesmo, ao mesmo tempo que nos leva para diante.”


Claudiane Quaglia
Psicóloga e Pedagoga

CRP 06/134348 - 29/05/2017

3 comentários:

  1. Rsrsrsrs impressionante como as palavras ainda não fomentam o pensamento do ser humano. Realmente, ao utilizarmos essas palavras como respostas não somos claros...contudo, trata-se de um interessante meio de defesa protelatoria também. Otimo texto

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  2. É verdade que o exemplo do ainda nao revela a consiencia dos limites do alcançado ao mesmo tempo que aponta para um objectivo a alcancar. A ideia subjacente a este exemplo enuncia o carácter dinamico do espírito, no pensamento como na accão, na sua marcha para um estádio mais avançado de realização do moem termos tivo inicial desencadeador do processo.
    Claudiane marcou a importancia de cada estágio deste processo, atribuindo valor pleno a cada momento e assim deixando de pensar a dinamica do processo na sua versão clássica, isto é, a verdade esta no resultado. Por o acento no presente, independentemente do alcançado,permite uma reconciliação com a vida, no seus fracassos e sucessos,deixando este mesmo presente de estar condicionado ao futuro.

    Assim, jugo que a propria

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